Av. São João Nº 136
Peabiru-PR
Palavra do padre
08/03/2017

Obedientes à Palavra seremos salvos e herdaremos as promessas de Deus

Segundo Domingo da Quaresma

A escutar à Palavra de Deus deve nos levar a obedecer aos seus planos

Para nos conduzir à salvação em Cristo

 

Continuando nossa caminhada quaresmal, hoje somos levados a rezar, em nossa liturgia, com a imagem bíblica da Transfiguração do Senhor no Monte Tabor (Evangelho de hoje: Mt 17,1-9). Esta imagem, apresentada a nós, de forma “catequética”, pelo evangelista São Mateus, mostra-nos Jesus, o Filho amado de Deus, que vai concretizar o seu projeto libertador em favor dos homens através do dom de sua vida.

 

Os discípulos acabaram de ouvir Jesus falar sobre o caminho da cruz (Cf. Mt 16,24-28): “Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me”, portanto, há entre eles um clima de decepção (afinal, Aquele a quem seguem está fado a terminar na cruz, e, ainda, pede-lhes a mesma coisa: tomar a cruz para O seguir). Assim, esta apresentação tem como destinatários os discípulos de Jesus (esse grupo desanimado e frustrado por causa do horizonte próximo do seu líder ser a cruz e, ainda, porque o mestre exige dos discípulos que aceitem percorrer um caminho semelhante). A transfiguração aponta para a ressurreição, aqui anunciada pela glória de Deus que se manifesta em Jesus através das vestes resplandecentes (que lembram as vestes resplandecentes dos anjos que anunciam a ressurreição – cf. Mt 28,3) e pelas palavras finais de Jesus (“não conteis a ninguém esta visão, até o Filho do Homem ressuscitar dos mortos” – Mt 17,9): diz-lhes que a cruz não será a palavra final, pois no fim do caminho de Jesus (e, consequentemente, dos discípulos que O seguirem) está a ressurreição, a vida plena, a vitória sobre a morte: Eis o projeto libertador de Deus em favor dos homens – a nova e eterna aliança.

 

O que devemos nós fazer, para entrarmos na dinâmica do projeto libertador de Deus? Deixar-se ser chamado por Deus e dizer “SIM” ao seu chamamento! Este é o elemento primordial, ou melhor, a atitude de vida necessária para fazer parte do projeto libertador de Deus: - para, juntamente com Cristo Ressuscitado, ser estabelecido na condição de nova criatura, salva e redimida pela paixão, morte e ressurreição de Cristo – o mesmo Cristo que antecipa sua glória, hoje, com sua transfiguração. 

 

A primeira leitura de hoje mostra-nos o chamado de Deus e a resposta humana em Abraão. Nos capítulos anteriores à leitura de hoje (cf. Gn 3-11), o autor descreveu uma humanidade que escolheu o pecado e que se afastou de Deus; agora, o autor vai apresentar um novo ponto de partida: Deus ainda não desistiu da humanidade e continua a querer construir com ela uma história de salvação. Para isso, interpela diretamente um homem no meio de uma multidão de nações. Esta “eleição” não é um privilégio, mas um convite a realizar uma tarefa difícil: ser um sinal de Deus no meio dos homens. É aqui que Deus chama Abraão, convida-o a deixar a sua terra e a sua família e a partir ao encontro de uma outra terra; ligado a este convite, aparece uma bênção e a promessa da família de Abraão se tornar uma grande nação. Podemos nos perguntar: porquê esta iniciativa de Deus? Porquê o chamamento a este homem, em particular? O autor do Gênesis não dá qualquer tipo de explicação. Temos aqui um exemplo perfeito desse mistério, sempre novo e sempre sem explicação, chamado “vocação”.

 

Diante do “desafio” de Deus, Abraão permanece mudo, sem discutir ou objetar. O autor do Gênesis, apenas, limita-se a descrever a sequência dos acontecimentos, como se as ações de Abraão valessem por mil explicações: o patriarca, simplesmente, pôs-se a caminho. Abraão arrisca tudo, deixa o seguro para apostar em algo que não é certo, confiando apenas na Palavra de Deus. Trata-se de um “rompimento” maravilhoso na cotidianidade da vida de Abraão que define uma atitude de fé radical, de confiança total, de obediência incondicional aos desígnios de Deus. Esta é uma das passagens onde o que se conta de Abraão tem um valor de modelo: o autor sagrado pretende, aqui, ensinar aos seus concidadãos a obediência cega às propostas de Deus. Deus, por sua vez, compromete-se com Abraão e lhe faz uma promessa que expressa-se, neste contexto, através da bênção (que é uma comunicação de vida), através da qual Deus realiza a sua promessa de salvação. Na promessa aqui formulada, a bênção concretiza-se como descendência numerosa.

 

Contudo, com o evangelho da Transfiguração do Senhor temos uma “antecipação da Glória da Ressurreição” de Cristo, inserido num contexto após ao pedido de Jesus para que seus seguidores tomem sua cruz e O sigam. Neste particular, vemos a necessidade de que para chegarmos à salvação do Senhor é necessário seguir pelos passos do Cristo (o cainho da cruz). Portanto, a atitude que devemos ter para seguir os passos do Cristo é a atitude da obediência à Palavra e chamado de Deus: é necessário que tenhamos a atitude de confiança que teve Abraão em Deus e no seu chamado: “Deixa a tua terra, a tua família e a casa de teu pai e vai para a terra que Eu te indicar...” (Cf. Gn, 12, 1). Portanto, a bênção de Deus a Abraão é a “salvação” (aliança de Javé com seu povo) no Antigo Testamento e, a Ressureição de Cristo é a salvação (Nova e Eterna Aliança de Deus com seu povo) no Novo Testamento. Em ambos as circunstância a obediência à Deus e seu chamado é fundamental, seja para deixar o certo pelo incerto (Abraão), seja para tomar a cruz e seguir o caminho do Cristo (os apóstolos).  

 

Pe. Adailton Luduvico, Csf – Vigário Paroquial

 



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