Av. São João Nº 136
Peabiru-PR
Palavra do padre
05/09/2020

Setembro â?? o mês dedicado à Bíblia: Palavra de Deus e da vida.

A cada ano, a Igreja no Brasil, à luz do Concílio Vaticano II, celebra o mês da Bíblia, com o intuito de aprofundar a vivência da fé, por meio de um itinerário de reflexão da Palavra com um tema específico para reflexão e oração. 

Este ano, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) propõe o estudo da 1ª Carta de São João com o tema “Para que n’Ele nossos povos tenham vida” e o lema “Nós amamos porque Deus primeiro nos amou” (1 Jo 4,19). 

Por meio do princípio “amamos o que conhecemos e por isso testemunhamos” é possível suscitar em cada batizado o desejo de ter em mãos a Bíblia e, acima de tudo, torná-la realidade em suas famílias e comunidades. 

A redescoberta da Bíblia como Palavra de Deus e o seu uso constante por todas as Igrejas Cristãs no Brasil têm sido um marco significativo no crescimento da experiência de fé das comunidades espalhadas pelas diversas regiões do País. 

A Igreja nos orienta para a leitura diária da Bíblia, porém, desse 1971, com a criação do mês da Bíblia em setembro, ela incentiva todas as pessoas a percorrerem o caminho da fé com a Palavra de Deus, na busca de encontrar aquele que dá a razão a nossa fé, Jesus Cristo. Esta palavra alimenta a espiritualidade e sustenta a missão. O encontro com a Palavra de Deus gera novos discípulos, ouvintes e servidores da Palavra, numa comunidade concreta, e impulsiona a ação transformadora da sociedade. 

Uma forma bem concreta desta experiência, na Igreja do Brasil, são os círculos bíblicos que considero como um jeito dinâmico de evangelizar e formar discípulos missionários de Jesus Cristo. Por meio da pedagogia-mística da Leitura Orante, os participantes, gradativamente, vão se familiarizando com a Palavra e despertando o gosto pela leitura, meditação, oração e contemplação para uma melhor vivência na caminhada discipular. 

A Igreja no Brasil desenvolveu toda uma prática de leitura e reflexão da Bíblia que muito contribui para o sustento da fé e da caminhada das pessoas. Círculos bíblicos, grupos de reflexão, grupos de rua, são alguns sinais dessa presença viva da Bíblia no meio do povo, formas criativas de tornar a Palavra  mais próxima.   

Desde o início do cristianismo, as comunidades cristãs, pelo anúncio entusiasmado e fervoroso da Palavra de Deus, foram contagiando novos membros e ganhando de Deus a confirmação na missão: “Eles eram perseverantes em ouvir os ensinamentos dos apóstolos. Louvavam a Deus e eram estimados por todo o povo. E, a cada dia, o Senhor acrescentava a seu número mais pessoas que eram salvas” (At 2, 42.47). Daí, a importância da atualidade dos círculos bíblicos, contribuindo assim, para a leitura e a vivência da fé, hoje. 

Do ponto de vista da Iniciação à Vida Cristã e da ação evangelizadora, é importante acentuar a centralidade da Palavra de Deus, na vida e na missão da Igreja, colocada em relevo pelo Concílio Vaticano II. E como afirma a Conferência de Aparecida, “faz-se necessário priorizar uma Animação Bíblica da Pastoral, tarefa que se abre para os novos tempos (cf. DAp, 99a.248). Ela responde com maior eficácia aos desafios do momento, pois a mesma brota do modo com que Deus, em sua sabedoria, foi reunindo as condições para que pudesse se estabelecer uma relação dialógica, mediada por uma Palavra que se faz vida na história pessoal e de um povo. 

Com certeza, a Bíblia, sendo assumida pelas dioceses, paróquias e comunidades, como “fonte e alma” de toda pastoral, será uma das mediações privilegiadas na promoção da pastoral de conjunto, tão essencial para que a comunidade eclesial seja expressão de uma Igreja convocada, reunida e enviada pela Palavra de Deus. 

Nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora (2019-2023), destaca-se a Palavra como um dos “pilares” que sustentam a casa – a comunidade missionária. Porém, indica-se uma das características deste pilar: a animação bíblica da vida e da pastoral. O que se deseja com este indicativo? Levar os cristãos a perceberem que a Bíblia não é apenas um livro de estudo, mas sim de vivência e testemunho. Para isso, se tem incentivado a metodologia da Leitura Orante da Bíblia que é mais que um método, é uma atitude e uma mística atraente e envolvente. Com passos interligados: Leitura (O que diz o texto em si?), Meditação (O que o texto diz para mim?), Oração (O que texto me faz dizer a Deus?) e Contemplação/ação (em que o texto me faz viver melhor?) conduz-se o ouvinte leitor e o estudioso da Bíblia a um caminho orante, dialogal e comprometedor com a Palavra.

Irmã Maria Aparecida Barboza

Mestra em Teologia Bíblica, Membro do Grupo de Reflexão Bíblico-Catequética da CNBB (GREBICAT) e coordenadora da Comissão Arquidiocesana de Iniciação à Vida Cristã da Arquidiocese de Porto Alegre. 



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